4º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design

Feevale — Novo Hamburgo (RS)

Outubro/2000

Prefácio

ACONTECEU! Para nossa grande alegria está em movimento o 4° Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, o nosso P&D Design 2000. Esta realização confirma que a tenacidade, o empenho, a clareza dos objetivos e até uma dose de obstinação são fatores indispensáveis à consecução de metas e à superação de obstáculos.

Para que o nosso Congresso se realizasse foi necessário o concurso de centenas de pessoas, a saber: os autores dos trabalhos, os integrantes do Conselho de Avaliação, do Comitê Local, do Comitê Organizador, além dos vários colaboradores eventuais. Houve, também, os indispensáveis auxílio e apoio institucionais, manifestos através das seguintes entidades: CNPq, British Council, FIESP, FAPERJ, UniverCidade, ESDI/UERJ, INT, Escola de Belas Artes de São Paulo, SEBRAE, Editora 2AB, Boticário, Fine Paper.

A abrangência do P&D 2000 é evidenciada pela diversidade dos locais de origem dos 140 artigos aprovados. Serão apresentados trabalhos remetidos das seguintes unidades da federação: Amazonas, Maranhão, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul. E ainda foram aprovados dois trabalhos remetidos do exterior, da Itália e do Reino Unido.

Procuramos, na medida do possível e a despeito dos percalços, não nos afastarmos muito do cronograma original. As alterações de datas foram feitas visando sempre ensejar a elevação do número de trabalhos publicados nos Anais. As exceções tiveram tratamento específico, em que a análise criteriosa ensejou flexibilidade nas decisões, sem apadrinhamentos ou concessão de privilégios.

A garantia da continuidade do Congresso Brasileiro de Design é de suma importância para a consolidação do nosso campo de conhecimento e a elevação da qualidade dos projetos em design. Soluções projetuais fundamentadas em pesquisas asseguram ao profissional a argumentação adequada para a profícua interlocuçao com os tomadores de seus serviços e com os parceiros de equipe oriundos de outras formações profissionais. O conhecimento é urna construção social... Portanto, a regularidade dos P&Ds é indispensável para o avanço do Desjgn no Brasil.

Os objetivos que sempre nortearam os P&Ds foram mantidos nesta edição: a explicitação do estado da arte da pesquisa em design e as suas diversas interfaces com outras áreas do conhecimento; o incentivo à troca de informações científicas, tecnológicas e metodológicas entre professores e pesquisadores em design e áreas afins; a divulgação e a difusão da pesquisa científica que aprofunde e sistematize o conhecimento sobre o design e a sua ressonância social.

A FEEVALE - Centro Universitário de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, sede do P&D Design 2000, empenhou-se para ensejar as condições adequadas para a difusão, o intercâmbio, a promoção da produção dos pesquisadores em design no Brasil.

Em Novo Hamburgo teremos o privilégio do convívio com personalidades de renome internacional: Neville Stanton - Universidade de Brunel - Inglaterra; Simo Säde - Uruversidade Helsinki - Finlândia; Tony Fry - Universidade of New South Whales - Austrália; Klaus Krippendorff - University of Pennsylvania - EUA.

O brilhantismo e a alta qualidade da produção científica desses palestrantes enriquecerá muito o P&D 2000, propiciando a repercussão de âmbito nacional das reflexões de cada um desses expoentes do design.

As visitas técnicas programadas possibilitarão a aproximação de designers de todo o país com setor produtivo local. Este contatos será, certamente, benéfico para ambas as partes.

A maciça presença de pesquisadores, professores, alunos de pós-graduação e de graduação, profissionais, em design e em outras áreas, num ambiente de cordialidade enseja a aproximação de interesses, a difusão da informação, a geração de outros encontros e de novas parcerias. Essa interação é a meta do 4° Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design - P&D DESIG 2000.

Ansiamos desde já pelo próximo! Que chegue logo o P&D Design 2002!

Lucy Niemeyer, M.S e.
Presidente do Comitê Organizador

P&D Design - Processo de construção do pensamento crítico

Falarmos de um Design e de um ensino de "Design para o próximo século" é um devaneio tentador que certamente resultaria em nada mais que imagens. Preferimos falar do hoje, do nosso processo de construção. A qualidade da informação nunca foi tão valorizada e se considera muito QUEM TEM a informação ou QUEM SABE onde buscá-la em qualquer campo de atividade.

Nas áreas tecnológicas, incluindo o Design, isto é particularmente verdadeiro. Dentro da nossa área, o conhecimento vem alcançando proporções admiráveis e é impossível dominar todo este conhecímento.

Hoje percebemos com clareza crescente que o conhecimento constitui o eixo estruturante do desempenho de sociedades, regiões e organizações. O que se deve buscar então são as formas para se conseguir e construir esta informação. Uma prova concreta desta observação pode ser comprovada com a manifestação constante sobre "o que" e "o como" se ensina.

Com a consciência desta realidade, hoje não se busca transmitir ao aluno o máxímo de informação possível, mas sim ensinar ao futuro designer onde e como buscar informação que tenha valor no curso de suas ações. E, mais que isso, deve-se buscar conhecer o desenvolvimento da ciência para poder avaliar o que é realmente importante e o que deve ser mais ou menos valorizado.

É desnecessário enfatizar como isso tem transformado nossas vidas. O saber sistemático em nossa área vem, ainda lentamente, superando o saber subjetivo e espontâneo tão característicos no Design. A pesquisa torna-se fato. Apesar de tantos descasos com a verdade científica e com os pesquisadores, a pesquisa vem se impondo frente a opiniões particulares de tantos "doutos" superficialmente informados.

Não há como falannos em Design como ensino de nível superior sem falarmos em pesquisa, esse processo social que deveria perpassar toda a vida acadêmica e penetrar sempre e cada vez mais a medula de professores e alunos.

Se fosse somente para transmitir informações e experiências subjetivas a vida acadêmica seria desnecessária. Não há vida acadêmica sem pesquisa. Caso contrário permaneceremos no reprodutivismo e no espontaneísmo alienante, repetindo fórmulas estrangeiras, batizando os projetos com nomes estrangeiros, agindo como cegos guiando cegos, sem história, sem base para orientar nossas próprias ações.

É com orgulho que apresentamos esses Anais. Eles visam proporcionar aos designers, pesquisadores, professores, alunos e profissionais una rica fonte de informações relevantes.

Eles são parte do desdobramento de uma luta iniciada em 1994 por homens e mulheres, em sua maioria jovens aprendizes cujos corações batem por autonomia, liberdade critica e por um Design efetivamente participante da realidade brasileira. É o documento oficial, meio e método de construção de nossa identidade, fundamento autêntico da elaboração de uma teoria do Design.

Sydney Freitas, D. Se.
Presidente da AEnD-BRAssociação de Ensino e Pesquisa de Nível Superior em Design no Brasil

A consolidação de uma nova fase

O PeD Design chega à sua quarta versão. Fecha a década de 90 do século XX, que se constituiu como uma nova fase do desenvolvimento do design no Brasil.

Fase da consolidação da pesquisa e da reflexão do design por brasileiros. Fase que foi marcada pelo aparecimento da Revista Estudos em Design, primeira revista científica em design de caráter periódico e reconhecida como tal pelo CNPq. Fase que reorganizou e estruturou a Associação de Ensino lançada em 1988.

Fase que testemunhou o que era considerado utópico até então: um congresso específico de pesquisa e desenvolvimento em design no Brasil. Fase que viu surgir em vários pontos do País cursos de pós-graduação em design e o aumento significativo de designers em busca de reciclagem de conhecimentos através da interdisciplinaridade com outros campos.

O 4° Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, o PeD Design 2000, superou o volume de trabalhos enviados e aprovados no PeD 1998. Continuou a demonstrar o fôlego da produção cientifica e tecnológica do design no País. E mostrou que a fase que ele consolida na História do design no Brasil é o inicio de um novo cenário que veio para durar.

O design nas terras verdes e amarelas não pode mais alegar falta de espaço ou falta de condições. Tem que galgar os próximos degraus de seu desenvolvimento, pois os primeiros e mais difíceis já foram superados.

Marcos da Costa Braga, M. Se.

Editor Executivo
Revista Estudos em Design
Professor da UniCarioca