1º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design

UNIP — São Paulo (SP)

Novembro/1994

Editorial

Faz um ano. Tentávamos começar algo novo que desse continuidade ao movimento que iniciáramos com a revista Estudos em Design. Novembro de 1993, difícil explicitar que não queríamos um congresso de ensino para discutir currículo. A idéia e o ideal que perseguíamos era um congresso de pesquisa e desenvolvimento. Como acontecem nas engenharias, na arquitetura, na informática. Buscava-se subverter a velha fórmula de chamar as mesmas pessoas, de sempre, para comunicar seus argumentos, já conhecidos, sobre a profissão, o mercado, a regulamentação, o ensino.

Queríamos saber mais. Pesquisa-se em design? O que se pesquisa? Onde? Quem? Pode-se definir um perfil das escolas? E ênfases? Similaridades? Interações? Interlocuções?

Uma temeridade. À ousadia seguiu-se o medo. Existirão pesquisas? E trabalhos? Olhávamo-nos tensos. E o tempo passava... De repente, começaram a chegar. Vinham de Manaus, de Santa Maria, de Campina Grande, do Recife, do Paraná, de Baurú.

Novos atores no cenário do design agora têm voz. Cursos de pós-graduação se apresentam. Quem sabe no próximo, novos mestrados?

Contamos com a cooperação imprescindível do Conselho Editorial. Em tempo assumiram a imensa responsabilidade de avaliar os trabalhos recebidos - 10 para cada conselheiro. Não foi uma ação apenas para constar - aproximadamente 20% foi recusado. O critério para aceitação: serem aprovados por, no mínimo, dois dos três conselheiros que avaliaram cada trabalho.

Novembro de 1994. O primeiro P&D Design acontece. Pesquisas, reflexões, mapeamentos, projetos. O design brasileiro se referenda. Os pesquisadores se encontra; 77 deles, representando 24 instituiçòes, apresentam 55 trabalhos. A capacitação docente diz a que vem. Doutores, mestres, bolsistas de iniciação científica, mestrandos, doutorandos delimitam temas, recortam questões, avança-se.

Uma realização. Apenas começamos. O segundo será melhor. Quem sabe um doutorado em Design? Temos mais tempo para divulgação, mais protagonistas. Já sabemos o local - Recife - e a data.

A Revista Estudos em Design comemora. Poucos acreditaram no primeiro número. A demora do segundo alimentou desconfianças. Chegam juntos o segundo número e o terceiro. Com o número quatro inicia-se uma nova fase - temos uma revista indexada. Todos os que desejarem publicar têm espaço. Nosso Conselho Editorial se consolida. Os editores encontram um ritmo, aparam-se as arestas.

Certamente, não podemos nos comparar aos alemães, aos americanos, aos ingleses, aos dinamarqueses, holandeses, suecos, suíços, franceses e outros pesquisadores centrais. Entretanto, mesmo na periferia, conhecemos e nos reconhecemos. Este é o princípio, o melhor lugar para começar. Constroem-se lastros, deixam-se marcas, um caminho por onde navegar.